sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dell classifica UCA como 'insustentável"

Para a Dell Brasil, o modelo do governo brasileiro para o programa Um Computador por Aluno (UCA), que tem como alvo a compra exclusiva de computadores, precisa ser revisto. Apesar de adotar um tom conciliador e considerar todas as iniciativas na área como 'bem-vindas', Paul Bell, destacou que o projeto da companhia - lançado em São Paulo - envolve uma solução - hardware, software especial e treinamento para os professores. A partir de dezembro, a Dell fabricará no país o seu netobook educacional, mas prefere não compará-lo ao Classmate, da Positivo/Intel.

Para marcar os 10 anos de presença da Dell no Brasil, o país recebeu a visita de Michael Dell nos dois últimos dias. Ele lançou o projeto 'Sala de Aula Conectada', que está em piloto, por 12 meses, com equipamentos doados e conexão à Internet fornecida pelo governo de São Paulo, em 26 escolas e 31 salas de aula, abrangendo cerca de 6000 alunos. Na parte de conteúdo há uma parceria com a Universidade de São Paulo. O projeto será fiscalizado pela UNESCO.

A iniciativa não é nova. Ela já existe nos Estados Unidos, México, Índia, Reino Unido, mas é a primeira da fabricante no Brasil. "Educação é um setor onde queremos atuar fortemente". Nessa primeira fase, o modelo é um piloto, mas a expectativa da Dell é que municípios e a iniciativa privada aprovem o conceito e adquiram a solução - lousa interativa, conexão sem fio, projetor, sistema de som, impressora, estação móvel, notebook sensível a toque para os professores e netbooks educacionais para os alunos.

"No México, começamos com um piloto e depois vencemos uma concorrência, onde o governo forneceu o conteúdo educacional e nós toda a parte de equipamentos e serviços. São mais de 60 mil alunos beneficiados", observou Peter Wiegandt, diretor geral para a América Latina, também presente à coletiva de imprensa, realizada nesta quinta-feira, 05/11, na capital paulista.

Indagado pelo Convergência Digital sobre as críticas feitas pelo Presidente Lula ao preço do computador para aluno e do porquê de a fabricante não ter participado dos pregões recentes do governo federal na área de inclusão digital, o diretor geral da Dell no Brasil, Raymundo Peixoto, e Michael Dell, evitaram tecer comentários.

Peixoto, no entanto, deixou claro que do ponto de vista da empresa, o projeto UCA não é sustentável, o nas entrelinhas pode ser entendido como não rentável. Paul Bell, diretor da Dell para o setor público, frisou que a visão da companhia é de vender uma solução mais completa, apesar de a fabricante estar investindo na produção local do Latitude 2100, o seu netbook educacional, atenta à movimentação de mercado.

O equipamento possui características próprias para estudantes - é fino, possui capa emborrachada, é resistente aos impactos de possíveis quedas, possui uma alça, como se fosse uma lancheira, e o teclado é antibactericida, para evitar contaminações.

Oficialmente nenhum executivo da Dell comenta sobre a semelhança do projeto da empresa com o da Intel, tampouco aceitam que o netbook educacional seja comparado ao Classmate, da Positivo/Intel, utilizado, hoje, por exemplo, no Piraí Digital.

O projeto Sala de Aula Conectado, segundo Peter Wiegandt, diretor geral para a América Latina, foi apresentado apenas para o Governo de São Paulo. Planos para expandir para outros estados existem, mas é preciso negociar. "Queremos estar presentes em todo o pais, vamos trabalhar para isso", destacou.

O executivo, no entanto, garantiu que, dessa vez, não houve qualquer contato com o Governo Federal - que tem a inclusão digital como prioridade. "Nâo fomos ao governo. Michael Dell veio ao Brasil para comemorar os 10 anos da Dell e manter alguns contatos, mas não tivemos com o Governo Federal", concluiu Wiegandt.

fonte ; Convergência Digital