segunda-feira, 24 de maio de 2010

Soluções tecnológicas miram escolas públicas

Com um estilete, Keila de Barros Barbosa, pedagoga e especialista em desenvolvimento de tecnologias educacionais, risca a superfície de uma lousa digital. “Como o material é de aço, não há nada que estrague a lousa. O aluno pode sujar, riscar, furar, molhar, que não conseguirá estragar o material”, demonstra a expositora durante a feira Interdidática, de sistemas e soluções em tecnologia educacional, que acontece em São Paulo entre os dias 28 e 30 de abril.

Por meio de um sensor de laser, posicionado no canto superior, e uma caneta especial, é possível interagir com a lousa. O professor escreve (digitalmente e ou com caneta para quadro branco), exibe vídeos, destaca trechos de textos e imagens e “salva” a aula se quiser. “Esta lousa não tem a tecnologia touch screen. Você não consegue mexer nela com as mãos, apenas usando a caneta. Em compensação, se acaba a luz, é possível usá-la como um quadro branco comum”, explica Keila.
No começo deste ano, a empresa Sapienti, comercializadora da lousa de aço, deu início a um projeto com a Secretaria Municipal de Educação do Guarujá que prevê a instalação de 332 lousas multimídias nas instituições da rede. “Todas as escolas de 5º ao 9º ano têm pelo menos uma sala multimídia equipada com o quadro interativo. Atingiremos a meta em 24 meses e, se entendermos que é necessário expandir mais, expandiremos”, diz Priscila Bonini, secretária de Educação do Guarujá.

O quadro digital está avaliado em R$ 5.800 e a montagem de uma sala multimídia pode chegar ao custo de R$ 23 mil, contando todos os equipamentos – projetor, caixas de som, computador –, instalação e a capacitação dos professores. O Guarujá investiu R$ 1,8 milhões na instalação completa dos equipamentos.

Tamanho investimento carece de proteção contra danos e furtos. Priscila esclarece que a preocupação com a segurança do patrimônio adquirido partiu da própria Prefeitura, que especificou na licitação os dispositivos antifurtos necessários. “Colocamos dispositivos de segurança no sistema, como uma gaiolinha no projetor, um rack-cofre para o computador e embutimos toda a fiação”, completa Keila.

Além do Guarujá, a Sapienti tem como clientes mais dez secretarias de educação municipais de São Paulo e do Recife.

Teclado antivandalismo

Dando socos no teclado de uma carteira-computador, um expositor do Grupo Cequipel comprova a tecnologia antivandalismo do produto. Conectadas a um computador comandado pelo professor, as carteiras-computador possibilitam que os alunos vejam em seus monitores as imagens exibidas na lousa digital.

A empresa mira o programa de inclusão digital do governo federal Um Computador por Aluno (UCA), que pretende distribuir laptops aos estudantes da rede pública. “O computador portátil tem uma série de deficiências. Ele pode ser usado para fins não-educacionais, há a questão da segurança do equipamento, as chances de quebrar são maiores e ele consume muita energia elétrica”, elenca Mauro Silva, gerente de informática do Cequipel.

De acordo com Silva, as carteiras-computadores estão em homologação no Ministério da Educação (MEC). Caso sejam aprovadas, poderão participar dos processos licitatórios do ministério. A carteira-computador tem um custo aproximado de R$ 1.600 por unidade. Uma sala totalmente equipada para 30 alunos não sai por menos de R$ 50 mil.

Silva admite que a demora no processo de aquisição de equipamentos na rede pública afasta os empresários. No caso da prefeitura do Guarujá, entre elaboração do projeto, processo de licitação e instalação das salas multimídias, passaram-se 12 meses. “As escolas particulares continuam sendo nosso maior mercado, mas sem dúvida a participação das públicas vem crescendo”, afirma Silva.

Além de equipamentos, softwares também estão entre os produtos oferecidos à rede pública. Lançado nesta semana na feira Interdidática, o Konviva, da Sensus/Ilog, é uma rede social elaborada para “ensinar os alunos a conviverem no meio social digital”. Similar ao Orkut, e com ferramentas de outras redes sociais, o programa é controlado pelos educadores, que escolhem quem pode acessá-lo.

João Adriano Minetto, executivo de contas da Ilog, vê espaço para o produto nas escolas públicas: “Estamos conversando com prefeituras. O programa se enquadra dentro da campanha de inclusão digital do governo federal porque prepara as crianças para o mundo virtual”.

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